Som de Sexta - Pussy Riot I Can't Breathe
Olá meus queridos!
Nosso Som de Sexta de hoje, vem lá dos territórios conservadores/nacionalistas onde 80% da população aprova esse sistema mas, (Por sorte) há aquela pequena porcentagem que contraria o convencional e promove protestos de provocação política contra repressão de regimes autoritários e principalmente a luta contra o estatuto das mulheres na Rússia.
Estou falando do grupo punk rock de feministas "Pussy Riot" que tem como objetivo misturar arte, música e política em vídeos e performances rápidas, na maioria das vezes, não autorizadas.

"Pussy Riot" foi fundado em agosto de 2011, com a participação de aproximadamente 11 mulheres com idades entre 20 a 33 anos, e mais 15 pessoas que lidam com o trabalho técnico de filmar e editar vídeos para publicar na Internet. São muito influenciadas pelo punk rock britânico por bandas como: "Angelic Upstarts", "Cockney Rejects", "Sham 69", "The 4-Skins" e a pioneira do movimento riot grrrl "Bikini Kill" de Washington. Geralmente com vestidos e calças de cores vivas (mesmo em climas frios) e com rostos mascarados por balaclavas, o grupo ficou bastante conhecido por encenar performances de guerrilha provocantes não autorizadas em locais públicos, performances que foram filmadas como videoclipes e postadas na Internet. Os temas líricos do coletivo incluem: repressão de regimes autoritários que criam ideias idealizadas de sexismo, feminismo, direitos LGBT e oposição ao presidente Vladimir Putin devido à sua ligação com a liderança da Igreja Ortodoxa Russa e suas políticas, a quem o grupo considera ser um ditador. Os membros consideram os comícios não sancionados como um princípio fundamental, dizendo que as autoridades não vêem comícios que eles sancionaram como uma ameaça, e simplesmente os ignoram. Por essa razão, todas as performances do "Pussy Riot" são ilegais e usam o espaço público cooptado.
O grupo ganhou notoriedade mundial quando cinco membros realizaram uma apresentação na Catedral de Cristo Salvador em Moscou, em 21 de fevereiro de 2012 onde foram condenadas como sacrílegas pelo clero ortodoxo e eventualmente suspensas pela segurança da igreja. As mulheres disseram que seu protesto foi dirigido ao apoio dos líderes da Igreja Ortodoxa a Putin durante sua campanha eleitoral, na música cantada na Catedral o grupo pede à Virgem Maria para retirar Putin do poder.

Negado fiança, elas foram mantidas sob custódia até o julgamento que começou no final de julho. Em 17 de agosto de 2012, as três (Tolokonnikova, Alyokhina e Samutsevich) foram condenadas a dois anos de prisão por "vandalismo motivado por ódio religioso". Em 10 de outubro, após um apelo, Samutsevich foi libertada em liberdade vigiada e sua sentença suspensa. O julgamento e a sentença atraíram considerável atenção e críticas, particularmente no Ocidente. O caso foi adotado por grupos de direitos humanos, incluindo a Anistia Internacional, que designou as mulheres como prisioneiras de consciência, que receberam um tratamento degradante durante o julgamento, e condenou Moscou por violação a liberdade de expressão. A opinião pública na Rússia era geralmente menos simpática em relação a elas. Sendo presas por 21 meses, Tolokonnikova e Alyokhina foram libertados em 23 de dezembro de 2013, depois que a Duma (Câmara Baixa da Assembléia Federal da Rússia) aprovou uma anistia. No mesmo ano Vladimir Putin assinou uma lei impondo penas de prisão e multas por insultar os sentimentos religiosos das pessoas, que alguns viram como uma resposta à "oração punk" realizada pelo "Pussy Riot" na catedral de Moscou, a integrante Alyokhina prometeu não fazer mais shows nas igrejas: "Prestamos atenção ao fato de que, como se vê, desde 2013 isso tem sido uma ofensa criminal, e ouvimos repetidas vezes as opiniões de pessoas que levamos a sério. Essa é basicamente a razão pela qual não iremos para a Catedral de Cristo Salvador novamente - inquestionavelmente, para qualquer outra igreja para esse assunto". (O que é muito legal elas reconhecerem neh pessoal - porquê ficar invadindo igreja/templo/reunião, afrontando a fé dos outros (lá dentro) acho besteira - admiro formas de protestos que usem o bom censo e inteligência)
O feminismo da "Pussy Riot" concentra-se na repressão de regimes autoritários que criaram ideias idealizadas de sexismo, sexo e vida familiar. O grupo se esforça para deixar claro que o feminismo na Rússia ainda é um problema e que o pós-feminismo ainda não foi alcançado. O contexto cultural russo tem que ser reconhecido e suas noções feministas tem que ser vistas diferentemente daquelas do feminismo ocidental, porque em lugares como os Estados Unidos, o feminismo evoluiu para "questões femininas" gerais, enquanto na Rússia esse não é o caso. Na Rússia, o feminismo é visto como algo "que pode destruir a Rússia", como disse Kirill, o chefe da Igreja Ortodoxa Russa.
Sobre a música abaixo quando eu a ouvi eu fiquei muito impressionada e é realmente uma forma de protesto chocante "I Can't Breathe" tem o nome das últimas palavras que Eric Garner disse quando a Polícia de Nova York o abordou, agrediu e o segurou no chão causando-lhe um estrangulamento, e aos 3 minutos de música ouvimos as últimas palavras de Eric enquanto estava sendo detido.

O CASO ERIC GARNER
Oficiais do Departamento de Polícia de Nova York se aproximaram de Garner por suspeita de venda de cigarros com embalagens sem selos fiscais. Depois que Garner disse à polícia que ele estava cansado de ser assediado e que ele não estava vendendo cigarros, os policiais foram prender Garner. Quando o oficial Daniel Pantaleo tentou pegar o pulso de Garner nas costas, Garner afastou os braços. Então Pantaleo passou o braço pelo pescoço de Garner e o derrubou no chão. Depois que Pantaleo tirou o braço do pescoço de Garner, ele empurrou o lado do rosto de Garner no chão enquanto quatro policiais se moviam para conter Garner, que repetiu "NÃO CONSIGO RESPIRAR" onze vezes enquanto estava deitado de bruços na calçada. Depois que Garner perdeu a consciência, os policiais o viraram de lado para aliviar sua respiração. Garner permaneceu deitado na calçada por sete minutos enquanto os policiais esperavam a chegada de uma ambulância, mas já estava morto.
Neste clipe as integrantes da banda usam uniformes da polícia russa e são lentamente enterradas vivas enquanto cantam. Elas usam esses uniformes específicos porque são usados pela polícia russa durante os confrontos entre a polícia e os manifestantes por mudanças, e para afirmar que a violência ilegal não apenas mata os oprimidos, mas mata os opressores lentamente. De acordo com Alyokhina e Tolokonnikova "policiais, soldados, agentes, se tornam reféns e são enterrados com aqueles que matam, figurativa e literalmente". O simbolismo por trás dos cigarros da marca "Russian Spring" no vídeo é que a marca é a mesma frase usada pelos defensores da invasão russa da Ucrânia. "Pussy Riot" foram responsáveis pela criação, conceito e produção do vídeo, enquanto os vocais e letras foram interpretados por duas outras bandas russas, "Jack Wood" e "Scofferlane". Com essa música, Alyokhina e Tolokonnikova começam a mostrar os paralelos entre a brutalidade policial e a opressão do Estado na Rússia e nos Estados Unidos.
Lá vai minha opinião sobre a música delas, ouvi, vi alguns vídeos e shows e particularmente não me causou tanto interesse instrumentalmente e vocal (Mas adorei a atitude, as letras, os vídeos de protestos e alguns clipes disponíveis) os shows são no idioma russo (Obvio neh) e acho uma língua meio "estranha/feia" quando se coloca um instrumental mais eletrônico que é o que elas estão propondo atualmente (por isso acho que gostei mais dessa música que postei abaixo, o idioma inglês ajudou haha - opinião pessoal tah?!) então musicalmente não me agradaram tanto. Mas temos que levar em conta que é o idioma delas e que querem ser ouvidas pelo país de origem, e apenas o fato de estarem em um movimento de contracultura (onde apenas 11% do país simpatiza com elas e suas causas) chamando atenção do mundo para um país tão conservador e opressor para rever suas políticas e valores já desperta muito minha admiração.
E uma notícia sensacional pessoal, em suas redes sociais o "Pussy" fez uma publicação avisando da primeira vinda ao Brasil para dois shows no mês de abril \o/. (abaixo página do evento)
A primeira apresentação será no Festival Abril Pro Rock em Recife no dia 19 de abril, e a segunda será em São Paulo no dia 20 de abril no Fabrique Club como parte do Festival Garotas à Frente, e lançamento do livro homônimo de Sarah Marcus sobre a história do movimento Riot Grrrl nos Estados Unidos. O show contará com performances audiovisuais novas dedicadas a temas políticos, como a não quebra de patentes pela indústria farmacêutica e outros assuntos extremamente importantes para a atualidade (mudança climática, controle das armas, prisão de ativistas políticos, desigualdade estrutural, sexismo, policiais assassinos, brutalidade e abuso de poder adotadas por instituições públicas diariamente, necessidade urgente de acesso para todos à boa educação e bons médicos e hospitais).
Quem puder chegar que chegue pessoal, provavelmente vai ter muito ativismo do bem, conversa boa e aprendizado com essas mulheres que fazem um excelente papel propondo uma revolução feminista em uma sociedade que nunca viveu sua época de punk-rock, nunca teve seu ano 1977 nem seus Sex Pistols (haha) e sequer conhece o que é a arte da performance!
Página do Evento no Facebook: https://www.facebook.com/events/285488125446518/
Bom final de semana pessoal!!
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